Muitos carros fracassam no mercado nacional e os motivos são variados. Alguns não cumprem o que a fabricante promete, outros não têm tradição onde atuam ou, em alguns casos, eles não vendem bem pelo simples fato de não despertarem o interesse do consumidor, seja pelo visual apagado ou pela percepção de qualidade.
Nem sempre, no entanto, esses produtos são ruins. Alguns chegam ao mercado na hora errada, já outros encontram uma concorrência feroz e não têm chance alguma de vingar.
Tudo isso faz parte do jogo e cabe às fabricantes tentar reverter uma possível injustiça. Mudar um produto no meio da sua vida pode funcionar se esse modelo mostra potencial. Talvez o caso mais famoso no Brasil seja o do Gol. O carro mais vendido do Brasil já foi patinho feio logo após ser lançado, em 1980. Tinha um design apagado, motor a ar derivado da Brasília e pouco vendeu no início da sua carreira. A Volkswagen, no entanto, soube virar o jogo, identificar suas fraquezas e destacar suas qualidades e hoje colhe os frutos da sua persistência.
Pode ser que isso ocorra com alguns dos 10 modelos que selecionamos na lista a seguir. Em comum, eles entregaram menos do que se esperava deles. Parte deles já não tem mais esperanças porque está saindo de cena, mas há quem possa ressurgir caso sua montadora saiba como corrigir sua rota. Confira.
Audi A1
O que se esperava A ideia era que o modelo alavancasse as vendas da montadora alemã. A projeção era fechar o ano de 2010 com mais de 50.000 exemplares do veículo emplacados pelo mundo.
O que aconteceu O modelo vendeu apenas 3.063 unidades no País desde seu lançamento, em 2011. E não foi apenas no Brasil que o A1 decepcionou nas vendas, mundialmente os números ficaram bem abaixo do esperado.
Nossa opinião O preço é muito alto para um carro pequeno cujo público alvo são jovens. A demora em oferecer uma opção com quatro portas pode ter implicado no resultado.
Dá para reverter? Talvez, se a Audi resolver baixar o preço.
Chery Cielo
O que se esperava A fim de atrair o público, a marca ofereceu o Cielo nas versões hatch e sedã com o mesmo preço e um bom nível de equipamentos. A ideia era ter um produto de imagem, que chamasse a atenção nas ruas
O que aconteceu Ver um Cielo na rua é muito difícil, seja hatch ou sedã. O modelo vende muito pouco, além de não ter recebido grande atenção da marca
Nossa opinião O segmento de sedãs e hatches médios no Brasil é voraz com peixes pequenos. São categorias que atraem pela tradição das montadoras.
Dá para reverter? Não. O modelo da Chery não tem chance alguma nesse mercado.
Ford Focus Sedan
O que se esperava No lançamento, em 2008, a Ford tentou jogar os holofotes para a versão sedã, afinal é um segmento de maior volume que o de hatches
O que aconteceu Tem presença tímida entre os sedãs, assim como a geração anterior.
Nossa opinião O Focus é conhecido como um hatch e é difícil quebrar esse tipo de percepção, por melhor que o produto seja.
Dá para reverter? Talvez, se a montadora adotar uma nova estratégia de preços e divulgação para a próxima geração.
Hyundai Veloster
O que se esperava O Veloster chegou ao Brasil para ser o símbolo de esportividade da Hyundai, prometendo desempenho e irreverência com uma carroceria com três portas.
O que aconteceu Fez sucesso estrondoso quando foi lançado, em 2011, com 4.000 emplacamentos no primeiro ano, mas de lá para cá o ritmo caiu.
Nossa opinião A falta de transparência ao divulgar uma potência maior do que a real queimou o filme do modelo, que virou piada em redes sociais.
Dá para reverter? Sim, se a marca oferecer a versão mais potente, que condiz com sua imagem de esportividade.
JAC J5
O que se esperava A JAC foi incisiva na apresentação do J5: "vamos incomodar a concorrência" anunciou o presidente da marca, que anunciou o sedã como o mais barato da categoria.
O que aconteceu Não faz nem cócegas nos concorrentes. O volume mensal de vendas do carro importado da China varia de 100 a 300 unidades.
Nossa opinião O consumidor brasileiro é conservador na hora de comprar um sedã médio, por isso tende a escolher produtos de marcas já consolidadas, como Honda, GM e Toyota.
Dá para reverter? Talvez na próxima geração se vier com muitos avanços.
Jeep Compass
O que se esperava O Compass chegou ao País para ser o modelo de entrada da Jeep no Brasil. A expectativa era emplacar 2.000 unidades no primeiro ano de vendas.
O que aconteceu A muito custo, a marca conseguiu vender 1.200 unidades em 2012 e neste ano, em quase três meses de vendas, ainda não conseguiu emplacar 200 carros.
Nossa opinião O primeiro problema do Compass é seu preço alto, de R$ 89.900. Tal valor não justifica o investimento em um carro com desempenho fraco e pouco apelo visual. Nem 4x4 ele é.
Dá para reverter? Sim, mas depende da marca trazer a nova linha do Compass ao um preço mais baixo.
Nissan Tiida Sedan
O que se esperava Vender bem graças ao seu custo-benefício atraente, afinal ele contrariava a regra que o hatch é mais barato que o sedã.
O que aconteceu Nem custando R$ 6 mil a menos que o hatch os brasileiros se sentiram atraídos pelo carro. O baixo volume de importação e a falta de divulgação também não ajudaram.
Nossa opinião Mais um que brigou num segmento difícil e seu fraco apelo visual, além da ligação do Tiida com a imagem de hatch decretaram seu fim. Para completar, o sedã Versa chegou ao País com função semelhante.
Dá para reverter? Não. A Nissan parou de importar o modelo.
Peugeot Hoggar
O que se esperava Entrar na categoria de picapes compactas, até então, nicho das quatro marcas tradicionais. Para desenvolver e produzir o modelo no País a marca francesa investiu R$ 100 milhões.
O que aconteceu A expectativa inicial da marca era vender 11 mil unidades no ano de estreia, no entanto essa marca só foi superada após quase três anos de mercado. O carro não ultrapassou, sequer, as vendas da idosa Ford Courier.
Nossa opinião O consumidor de picapes em sua maioria é frotista, ou seja, um mercado em que se exige um outro tipo de negociação.
Dá para reverter? Não. A Hoggar continua em linha, mas não deve resistir por muito tempo.
Renault Symbol
O que se esperava Oferecer um novo sedã compacto de aspecto "Premium" e com bom custo/benefício para aproveitar o crescimento dos países do BRIC.
O que aconteceu Seu melhor resultado mensal foi de 600 emplacamentos. A ideia da marca era superar as 1.000 unidades.
Nossa opinião O design sem muito apelo é o ponto fraco do carro, além do espaço interno restrito. Ganhou a companhia de vários concorrentes maiores e mais modernos.
Dá para reverter? Não. A Renault até já o retirou de linha. Sua produção durou apenas quatro anos.
Toyota Etios
O que se esperava Surpreender o mercado de carros populares com um veículo de baixo custo apoiado sobre a qualidade Toyota e seu conceituado serviço de pós-venda.
O que aconteceu A fábrica do Etios tem capacidade inicial para produzir 70.000 unidades por ano, ou quase 6.000 carros por mês. O ritmo de vendas, porém, ainda se esforça para superar 4.000 unidades.
Nossa opinião A Toyota pensou que a fórmula do Etios, criado na Índia, daria certo no Brasil. Embora seja bem construído e tenha mecânica impecável, o Etios tem design apagado e interior sem inspiração.
Dá para reverter? Sim, mas o Etios precisa de um banho de loja, ou seja, uma reestilização seguindo o gosto do brasileiro.